Dar um pet de presente sem consultar o dono é erro grave, alertam veterinários

Cãozinho em caixa de presente; Natal
Foto: Freepik

Não há cena mais adorável do que um filhote de cachorro ou gato saindo de uma caixa para surpreender seu novo dono. No entanto, por trás da imagem clássica de Natal, existe um alerta sério de entidades de proteção animal e veterinários: presentear alguém com um ser vivo exige o entendimento de uma responsabilidade vitalícia, e não deve ser, jamais, um ato impulsivo ou uma surpresa.

  • O erro: surpreender alguém com um animal ignora a preparação necessária e a vontade real do presenteado;

  • O compromisso: a expectativa de vida de cães e gatos supera uma década, exigindo planejamento financeiro de longo prazo;

  • Crianças: embora peçam o presente, a responsabilidade legal e prática recairá quase totalmente sobre os adultos;

  • Solução: adoção em abrigos e diálogo prévio são os caminhos para uma posse responsável e feliz.

Segundo a Sociedade Americana para a Prevenção da Crueldade contra Animais (ASPCA), a tradição de dar pets em datas comemorativas é antiga, mas arriscada.

“O sentimento é ótimo, mas fazer disso uma surpresa não é a melhor ideia”, afirma Ashley Beard, veterinária e coproprietária do Sage Veterinary Center, em Nova Jersey (EUA).

O mito da surpresa

Para a especialista, a decisão deve ser conjunta. “Sempre acho bom, se você for adquirir um animal com um parceiro ou companheiro, ter a conversa: ‘Estamos prontos para assumir essa responsabilidade com certeza?’ e garantir que todos estejam na mesma página”, orienta.

A Associação Médica Veterinária Americana (AVMA) adota postura semelhante. Michael Q. Bailey, presidente da entidade, aconselha contra o elemento surpresa. “Após a alegria de receber esse presente, você ou o destinatário estarão prontos para fornecer essa vida inteira de cuidados?”, questiona.

Antes de introduzir um novo animal na vida de alguém, é crucial perguntar: a pessoa quer este animal específico? Ela tem condições financeiras e de tempo para cuidar dele por toda a vida?

Crianças e custos

A tentação de presentear uma criança é grande, mas Beard pede reflexão. “Especialmente ao presentear crianças, entenda que, como pai, você provavelmente cuidará deles na maior parte do tempo”, diz. O compromisso financeiro e de trabalho recai sobre os adultos da casa.

Além disso, não é uma relação de curto prazo. “Se você comprar um gatinho para alguém, pode estar olhando para 15 anos”, alerta a veterinária, referindo-se à expectativa de vida média dos felinos. Cães podem viver de 10 a 15 anos, dependendo da raça e porte, demandando gastos constantes com ração, vacinas, tosa e emergências médicas.

Preparação prática

Além das questões éticas, há a logística. É preciso preparar a casa (“pet proofing”), encontrar atendimento veterinário e comprar itens básicos como cama e identificação. “Essas não são perguntas que você quer correr para responder depois do fato consumado”, diz Bailey.

O presidente da AVMA também sugere considerar a adoção em abrigos e refúgios. Além de ser um ato socialmente responsável, muitos animais de abrigos já vêm castrados e vacinados, aliviando o custo inicial.

“Com planejamento cuidadoso e um compromisso compartilhado, os novos donos de animais podem estabelecer a base para um vínculo forte e duradouro”, conclui o especialista.